Exposição – Um corpo no ar pronto pra fazer barulho

Exibição: 14/12 até 17/03

Depois de oito meses de encontros, pesquisa e muito trabalho, 11 artistas vão mostrar o resultado da residência em exposição coletiva no Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC|GO). O vernissage da mostra “Um corpo no ar pronto pra fazer barulho” ocorre na próxima sexta-feira (14/12), às 20 horas, no MAC, que integra o complexo do Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON). A entrada é gratuita. A exposição segue até 17 de março de 2019.

Esta é a última etapa do programa “Trampolim – Mergulho para jovens artistas”, que começou em fevereiro com a publicação do edital e a seleção. Em seguida, os artistas escolhidos, todos em início de carreira, receberam acompanhamento curatorial da produção e puderam desenvolver seus trabalhos. Com financiamento do Fundo de Arte e Cultura, todo a formação foi oferecida gratuitamente

A exposição coletiva conta com obras em diversos formatos: pinturas, desenhos, gravuras, fotografias, instalações, objetos e vídeos. “Essa diversidade de suportes e discursos na exposição é um sinal da multiplicidade dos artistas que fizeram parte do programa”, diz diz o idealizador do projeto, Gilson Andrade, que também atua no programa educativo do MAC/GO. O Trampolim foi desenvolvido a partir da proposta de alavancar as carreiras de jovens artistas visuais de Goiás ao oferecer curadoria individualizada, trocas de experiências através de imersões e a oportunidade de apresentar um trabalho autoral em uma exposição em museu.

Foto: Rafaella Pessoa 

O processo

A primeira etapa desenvolvida foi a visita aos ateliês dos artistas, a mais individualizada do projeto. Visitas técnicas foram realizadas pela equipe do projeto, pelo curador convidado, Raphael Fonseca, e pelo então curador do MAC, Gilmar Camilo. Ali, os selecionados receberam orientação para o desenvolvimento da obra inédita que vão expor agora.

A segunda etapa foi a de maior troca de experiências entre os artistas. Em um seminário que durou três dias, eles tiveram a oportunidade de dialogar para nortear os caminhos curatoriais dos trabalhos e construir a rede colaborativa entre os alunos. Este foi o primeiro encontro dos artistas e, portanto, o principal momento de promover o intercâmbio entre eles.

A exposição no MAC|GO é a terceira e última etapa. Para o curador Raphael Fonseca, o processo foi intenso e surpreendente. “É muito interessante observar como todos os artistas foram experimentando e se dando mais liberdade desde nossos primeiros encontros até o presente. Surpreendeu-me muito positivamente a abertura de todos e sua capacidade de escutar comentários/críticas e também seus filtros pessoais”, comenta. O resultado final, para ele, demonstra esta abertura e maturidade. “A exposição final e a presença de tantas linguagens, escalas e interesses diferentes certamente são um reflexo disso”, diz.

Benedito Ferreira, um dos artistas que terá seu trabalho exposto, comenta que o trabalho com o curador foi fundamental para este amadurecimento. “Nas etapas em que estivemos juntos, compartilhando ideias e dividindo experiências, tive a certeza de que Goiânia possui ótimos jovens artistas. A exposição é um reflexo dessas potencialidades. Me sinto feliz em estar participando de um projeto tão rico”, afirma.

Hariel Revignet, que trabalha com artes de rua, diz que passou por um choque e um despertar. “Eu não me percebia como uma artista visual e sim como ser em construção, em processos e diálogos constantes de produção e percepção de mundo. O projeto serviu para colocar meus pés no chão: perceber minha história, minha produção artística e reconhecer não só minhas possíveis ancestrais, mas minhas possibilidades como artista visual”, diz ela.

Ocupando o MAC

O Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC), como instituição cultural pública, se preocupa com seus processos de democratização e em rever suas histórias, a fim de manter sua função cultural e educacional para os diversos públicos. Gilson Andrade diz que o objetivo inicial era criar um programa cultural que contemplasse ações culturais e educativas, dentro da instituição, focadas na formação do artista. “O Programa Trampolim criou um lugar de diálogos e troca de experiências entre jovens artistas sobre a produção em artes visuais contemporânea em Goiás”, conta.

Para a diretora do museu, Márcia Pires, quem ganha com isso não são somente os artistas. “Sem dúvida, a instituição ganha e muito com um projeto de tamanha importância para a trajetória artística não somente de jovens iniciantes, mas de todo o Estado”, comenta. De acordo com ela, é fundamental que a instituição promova a democratização de projetos que valorizam sua função cultural e educativa para diversos públicos. “Temos a preocupação que os espaços culturais do MAC sejam ocupados com exposições de novos artistas, proporcionando o envolvimento com a comunidade”, destaca.

A exposição

A ideia que move o projeto, mas também a exposição, é a de um trampolim – instrumento feito para impulsionar o corpo para o alto e por vezes para a frente. Assim, a exposição é um salto coletivo que traz corpos que saltam e se movem de formas e em tempos diferentes. As diversas linguagens apresentadas neste trabalho refletem a pluralidade das pesquisas, trajetórias e talentos, todos movidos pelo pensamento, experimentação e vontade em expor tudo isto.

“Neste país continental que é o Brasil, o Estado de Goiás geralmente não é visto como um grande centro de produção de arte contemporânea. Essa impressão precisa ser revista e essa exposição o confirma”, diz Raphael Fonseca, curador do MAC-Niterói/RJ. Para ele, essa exposição é uma oportunidade de dar visibilidade a trabalhos de grande qualidade. “Goiás, para além de seus artistas já reconhecidos, traz uma geração de jovens artistas articulados que, quando tem o espaço oportuno para mostrarem as suas pesquisas e para serem ouvidos, sabem fazer um bom barulho”, completa.

 

SERVIÇO

Abertura da exposição Um corpo no ar pronto pra fazer barulho

Local: Galeria D. J. Oliveira, MAC/GO, Centro Cultural Oscar Niemeyer

Data: Sexta-feira, 14/12

Horário: 20h

Visitação: até 17 de março de 2019 (terça a sexta, das 9 às 17 horas; sábados, domingos e feriados, das 11 às 17 horas)

Entrada gratuita

Autores: Juliana de Paula Silva

Categoria de financiamento: Artes Visuais